Saturday, May 20, 2006

A despedida (30-04)

Hoje acordámos à mesma hora dos dias anteriores, embora com aquela sensação estranha que se sente sempre no último dia de férias. Tomámos o pequeno-almoço na pousada, e fomos refazer as malas, pois tinhamos de fazer o check-out até às 10 horas. Depois disso, encaminhámo-nos para a estação de comboios, onde, tal como nos tinham informado, havia cacifos onde podiamos fechar as nossas bagagens à chave. Assim fizemos.

Fomos então visitar a cidade onde estivemos alojados nos últimos dias. Começámos pela catedral de Lund. Enorme, algo suja por fora, mas quentinha e bonita por dentro. Estava a decorrer aquilo que pensámos inicialmente ser uma missa tal como a conhecíamos. À porta, estava um senhor que, mal nos viu entrar, se apressou a pegar duas bíblias para nos dar e que recusámos educadamente. Por toda a catedral estavam espalhadas pequenas estantes com bíblias e pudemos ver que todas as pessoas que participavam na celebração tinham uma que pareciam ler com atenção acompanhando as leituras feitas no altar.

Rapidamente nos chamou a atenção o facto de que aquilo que pensávamos ser o padre, era afinal uma mulher. Ficámos sem saber de que religião seria aquela celebração… talvez protestante… Assistimos mais alguns minutos à celebração, para ver como era, ouvimos com muito agrado o coro e o órgão da catedral e saímos.




Encaminhámo-nos então para a zona da Universidade. Tal como nos conseguimos aperceber, a Universidade de Lund estará para a Suécia, como a Universidade de Coimbra está para Portugal, sendo uma das mais antigas, tradicionais e prestigiadas do país.


Enquanto andávamos por essa zona começámos a aperceber-nos de algumas movimentações estranhas nas ruas: centenas de jovens carregados com sacos e caixas de cerveja pareciam encaminhar-se todos para a mesma zona. Fomos atrás, na tentativa de perceber o que se estava a passar. À medida que caminhávamos, íamos vendo cada vez mais gente. Decidimos finalmente perguntar a duas jovens suecas o que é que ia acontecer. Explicaram-nos que era uma festa de estudantes em que se festejava a Primavera bebendo, comendo, dançando e cantando. Chegámos a um parque no meio da cidade onde milhares de pessoas estavam sentadas em cobertores a comer e a beber.


Era hora de almoço e começava a chuviscar. Almoçámos umas saladas de camarão e frango num restaurante mexicano. Enquanto esperávamos pela comida, e tal como tínhamos prometido, ligámos para os amigos que tínhamos feito dias antes, para nos despedir.

Como estava a chover e tínhamos deixado os guarda-chuvas dentro do cacifo com as bagagens (e se o abríssemos tínhamos que pôr mais moedas novamente…) visitar o resto da cidade era difícil. Então, os nossos planos eram esperar na estação até cerca das 18 horas e aí apanhar o autocarro para o aeroporto. Como eram cerca de 15 horas, fomos até à zona dos taxistas em frente à estação para ver se víamos o senhor Amet, para que nos pudéssemos despedir dele pessoalmente. Alguns minutos depois ele apareceu, perguntou-nos se precisávamos de alguma coisa (nomeadamente se precisávamos que nos levasse ao aeroporto…) e nós respondemos que não e demos-lhe conta dos nossos planos. Mais uma vez agradecemos tudo o que tinha feito por nós e despedimo-nos.

Cerca das 17 horas, estávamos nós sentados num banco da estação, aparecem o senhor Amet e a família. Mandaram-nos pegar as bagagens, levaram-nos para o carro e daí para casa deles. O senhor Amet voltou então ao trabalho dizendo que às 20 horas voltaria a casa para nos levar ao aeroporto. Enquanto isso ficámos com a Mihaela e o Arian: vimos televisão e fotografias deles (do seu casamento (na Igreja Ortodoxa. Ela é ortodoxa e ele muçulmano…), da Roménia, família, amigos, etc). Enquanto isso, Mihaela preparava o jantar: bifes e almôndegas assadas no forno com batata cozida e um molho especial.

Enquanto terminávamos de jantar chegou o senhor Amet que assim que pôde se sentou também a jantar um prato tradicional albanês. O Sr. Amet e Mihaela “reclamaram” connosco pelo facto de nos dias em que lá estivemos nunca lhes termos telefonado. O problema é que não queríamos abusar da boa vontade desta gente tão boa e também queríamos passear… Mas confessamos que ficamos arrependidos, pois eles disseram que todos os dias esperavam o nosso telefonema. De seguida bebemos um chá turco, conversámos um pouco mais, tirámos mais algumas fotos e pronto... estava na hora! (Mihaela disse que connosco lá em casa o tempo tinha passado rapidamente, e que éramos como uma família para eles! Mihaela estuda sueco numa escola e o seu dia-a-dia é da escola para casa e vice-versa. Não têm familiares na Suécia e amigos têm poucos, pois referem muitas vezes que a maioria dos suecos é preconceituoso em relação aos seus imigrantes) Antes de sairmos ainda nos queriam dar fruta para levarmos na viagem… Foram como uns pais para nós! Despedimo-nos uma vez mais de Mihaela e de Arian (Mihaela deu-nos um abraço muito forte e ficou com lágrimas nos olhos…) e partimos com o senhor Amet em direcção ao aeroporto de Sturup onde chegámos cerca de 25 minutos depois. Levou-nos até ao balcão de check-in, abraçou-nos e despedimo-nos. Voltámos a agradecer-lhe, mas depois de tudo isto já nos faltavam as palavras. Ficámos a ver o senhor Amet voltar ao táxi e regressar ao trabalho, que nos últimos dias tinha abandonado diversas vezes por nossa causa, recebendo em troca apenas a nossa gratidão e reconhecimento. Gente tão boa, esta que fomos encontrar na Suécia.


Desta vez nada de anormal se passou na viagem de regresso. Voámos calmamente para Londres. onde já chegámos com saudades do que tínhamos acabado de deixar para trás.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home