Saturday, May 20, 2006

A derradeira aventura (01-05)

Passámos então a noite de 30 de Abril para 1 de Maio no aeroporto de Stansted-Londres, uma vez que o nosso voo para o Porto era somente às 6h35. A noite custou um pouco a passar. Já estávamos cansados, tínhamos muita vontade de dormir, mas o frio e as cadeiras desconfortáveis não o permitiram na perfeição… Lá íamos passando pelas brasas, de vez em quando.

Quando eram umas 4h e qualquer coisa, o balcão do Chek-in para o nosso voo abriu. Depois, entrámos para a área reservada às partidas, e lá andámos a dar umas voltas às lojas, para ajudar a passar o tempo. O Sérgio ainda comprou 1Kg de After Eight que estava em promoção!! :-)

Fomos para a fila de embarque do nosso voo. De repente, começámos a ouvir avisos no aeroporto dados em todas as línguas (menos em português… é só um pormenor…), e que dizia que o sistema de alarme de incêndio tinha sido activado e que todos tinham que abandonar a área rapidamente. Os avisos repetiam-se, mas as pessoas à nossa volta não se mexiam (nem mesmo os que trabalhavam no aeroporto), então também ficámos no nosso cantinho da fila. Mas, os responsáveis pelo embarque do nosso voo começaram a dizer para todos sairmos pela saída de emergência. E lá fomos nós… para mais uma aventura! Fomos para a zona onde estão os aviões "estacionados", estava a chover e todas as pessoas procuraram um pedacinho de abrigo. Olhámos à nossa volta e nas outras portas de embarque também estavam pessoas de outros voos. Estava mesmo tudo lá fora! Carros de bombeiros estacionados com os “pisca-pisca” ligados… Enfim… nós só olhávamos um para o outro, ríamos e dizíamos: “Esta viagem está mesmo a ser uma autêntica aventura! Tudo nos acontece!”

Um quarto de hora depois entrámos novamente para o aeroporto e, meia hora depois, já estávamos a levantar voo. A viagem para o Porto correu bem, embora com algumas turbulências. Quando o avião já estava a voar a baixa altitude vimos paisagens de Espanha e de Portugal lindíssimas, inclusive a foz do rio Douro, que sobrevoámos a uma baixíssima altitude.

Aterrámos no Aeroporto Sá Carneiro à hora prevista. (modéstia à parte, o nosso aeroporto foi o mais bonito pelo qual passámos, graças às remodelações que nele foram feitas)

Saímos e já tínhamos cá fora pessoas à nossa espera! Que bom voltar a vê-los!

Assim que chegámos a casa fizemos questão de telefonar ao Sr. Amet e à Mihaela que nos pediram para o fazer, de modo a saberem se tínhamos chegado bem. Não sabem como é difícil nos fazermos entender por telefone...! É que pessoalmente os gestos e as expressões do rosto ajudam...


E pronto. Assim acabou esta nossa viagem, que adorámos, pois apesar dos contratempos, foi extremamente rica em cultura e amizade! Agora, pensamos voltar à Suécia algumas vezes, mas desta vez para visitar os nossos novos amigos, que nos ofereceram a sua casa para ficarmos numa próxima viagem.

A despedida (30-04)

Hoje acordámos à mesma hora dos dias anteriores, embora com aquela sensação estranha que se sente sempre no último dia de férias. Tomámos o pequeno-almoço na pousada, e fomos refazer as malas, pois tinhamos de fazer o check-out até às 10 horas. Depois disso, encaminhámo-nos para a estação de comboios, onde, tal como nos tinham informado, havia cacifos onde podiamos fechar as nossas bagagens à chave. Assim fizemos.

Fomos então visitar a cidade onde estivemos alojados nos últimos dias. Começámos pela catedral de Lund. Enorme, algo suja por fora, mas quentinha e bonita por dentro. Estava a decorrer aquilo que pensámos inicialmente ser uma missa tal como a conhecíamos. À porta, estava um senhor que, mal nos viu entrar, se apressou a pegar duas bíblias para nos dar e que recusámos educadamente. Por toda a catedral estavam espalhadas pequenas estantes com bíblias e pudemos ver que todas as pessoas que participavam na celebração tinham uma que pareciam ler com atenção acompanhando as leituras feitas no altar.

Rapidamente nos chamou a atenção o facto de que aquilo que pensávamos ser o padre, era afinal uma mulher. Ficámos sem saber de que religião seria aquela celebração… talvez protestante… Assistimos mais alguns minutos à celebração, para ver como era, ouvimos com muito agrado o coro e o órgão da catedral e saímos.




Encaminhámo-nos então para a zona da Universidade. Tal como nos conseguimos aperceber, a Universidade de Lund estará para a Suécia, como a Universidade de Coimbra está para Portugal, sendo uma das mais antigas, tradicionais e prestigiadas do país.


Enquanto andávamos por essa zona começámos a aperceber-nos de algumas movimentações estranhas nas ruas: centenas de jovens carregados com sacos e caixas de cerveja pareciam encaminhar-se todos para a mesma zona. Fomos atrás, na tentativa de perceber o que se estava a passar. À medida que caminhávamos, íamos vendo cada vez mais gente. Decidimos finalmente perguntar a duas jovens suecas o que é que ia acontecer. Explicaram-nos que era uma festa de estudantes em que se festejava a Primavera bebendo, comendo, dançando e cantando. Chegámos a um parque no meio da cidade onde milhares de pessoas estavam sentadas em cobertores a comer e a beber.


Era hora de almoço e começava a chuviscar. Almoçámos umas saladas de camarão e frango num restaurante mexicano. Enquanto esperávamos pela comida, e tal como tínhamos prometido, ligámos para os amigos que tínhamos feito dias antes, para nos despedir.

Como estava a chover e tínhamos deixado os guarda-chuvas dentro do cacifo com as bagagens (e se o abríssemos tínhamos que pôr mais moedas novamente…) visitar o resto da cidade era difícil. Então, os nossos planos eram esperar na estação até cerca das 18 horas e aí apanhar o autocarro para o aeroporto. Como eram cerca de 15 horas, fomos até à zona dos taxistas em frente à estação para ver se víamos o senhor Amet, para que nos pudéssemos despedir dele pessoalmente. Alguns minutos depois ele apareceu, perguntou-nos se precisávamos de alguma coisa (nomeadamente se precisávamos que nos levasse ao aeroporto…) e nós respondemos que não e demos-lhe conta dos nossos planos. Mais uma vez agradecemos tudo o que tinha feito por nós e despedimo-nos.

Cerca das 17 horas, estávamos nós sentados num banco da estação, aparecem o senhor Amet e a família. Mandaram-nos pegar as bagagens, levaram-nos para o carro e daí para casa deles. O senhor Amet voltou então ao trabalho dizendo que às 20 horas voltaria a casa para nos levar ao aeroporto. Enquanto isso ficámos com a Mihaela e o Arian: vimos televisão e fotografias deles (do seu casamento (na Igreja Ortodoxa. Ela é ortodoxa e ele muçulmano…), da Roménia, família, amigos, etc). Enquanto isso, Mihaela preparava o jantar: bifes e almôndegas assadas no forno com batata cozida e um molho especial.

Enquanto terminávamos de jantar chegou o senhor Amet que assim que pôde se sentou também a jantar um prato tradicional albanês. O Sr. Amet e Mihaela “reclamaram” connosco pelo facto de nos dias em que lá estivemos nunca lhes termos telefonado. O problema é que não queríamos abusar da boa vontade desta gente tão boa e também queríamos passear… Mas confessamos que ficamos arrependidos, pois eles disseram que todos os dias esperavam o nosso telefonema. De seguida bebemos um chá turco, conversámos um pouco mais, tirámos mais algumas fotos e pronto... estava na hora! (Mihaela disse que connosco lá em casa o tempo tinha passado rapidamente, e que éramos como uma família para eles! Mihaela estuda sueco numa escola e o seu dia-a-dia é da escola para casa e vice-versa. Não têm familiares na Suécia e amigos têm poucos, pois referem muitas vezes que a maioria dos suecos é preconceituoso em relação aos seus imigrantes) Antes de sairmos ainda nos queriam dar fruta para levarmos na viagem… Foram como uns pais para nós! Despedimo-nos uma vez mais de Mihaela e de Arian (Mihaela deu-nos um abraço muito forte e ficou com lágrimas nos olhos…) e partimos com o senhor Amet em direcção ao aeroporto de Sturup onde chegámos cerca de 25 minutos depois. Levou-nos até ao balcão de check-in, abraçou-nos e despedimo-nos. Voltámos a agradecer-lhe, mas depois de tudo isto já nos faltavam as palavras. Ficámos a ver o senhor Amet voltar ao táxi e regressar ao trabalho, que nos últimos dias tinha abandonado diversas vezes por nossa causa, recebendo em troca apenas a nossa gratidão e reconhecimento. Gente tão boa, esta que fomos encontrar na Suécia.


Desta vez nada de anormal se passou na viagem de regresso. Voámos calmamente para Londres. onde já chegámos com saudades do que tínhamos acabado de deixar para trás.

Saturday, April 29, 2006

Ystad (29-04)

Hoje decidimos ir a uma pequena cidade da região da Skäne que fica situada junto ao mar. Apanhámos o comboio de Lund para Malmö, e daí para Ystad.

A viagem custa 65 coroas, demora cerca de 45 minutos e valeu pela paisagem bucólica pela qual passámos. Desde enormes campos verdejantes (alguns com uma casa lá no meio), florestas de abetos, lagos e moínhos, a uma zona de costa que percorremos durante alguns quilómetros da qual pudemos ver o mar. Não conseguimos tirar fotografias do comboio, não só pela velocidade, mas também pelo facto de os vidros estarem manchados pelas gotas da chuva.

Ystad é uma cidade agradável, calma e, por se encontrar junto ao mar, é extraordinariamente fria. Tem ruas estreitas, com flores por toda a parte e casas pequeninas e coloridas. Na rua mais movimentada existem lojas de toda a espécie. Algumas fotos:

Visitámos ainda a igreja de St. Maria Kirka, um mosteiro, e um teatro do século XIX que é o melhor preservado do país, em frente ao qual havia uma estátua engraçada de dois bailarinos.

Por fim voltámos a Lund. Amanhã vamos visitar esta cidade onde temos estado alojados. O voo de Malmö para Londres será (se não houver imprevistos) às 22:00, sendo o voo de regresso ao Porto às 07:00. Daí que só actualizaremos o blog daqui a 2 dias.

Friday, April 28, 2006

Copenhaga (28-04)

Uma vez mais acordámos cedo e tomámos o pequeno-almoço na pousada. Hoje finalmente estava um dia de sol, embora com algumas nuvens.
Saímos para a estação de comboios de Lund que fica mesmo por trás da pousada, e apanhámos o comboio para Malmö, onde apanhámos poucos minutos depois outro para Copenhaga (o preço é 90 coroas suecas, o que dá cerca de 10 euros). A viagem demora pouco menos de 40 minutos e é feita através da ponte Öresund, que segundo consta foi inaugurada em 2000 e é a ponte mais longa do mundo que permite tráfego rodoviário e ferroviário (aparte: a última paragem antes da estação central de Copenhaga, é a do aeroporto Kastrup, aeroporto este que é o principal da cidade).
Seguem duas fotos da estação (uma interior e outra exterior):



Assim que chegámos, fomos a um posto de turismo pedir informações sobre os principais locais a visitar. Como nos disseram que o render da guarda no palácio real era ao meio-dia, foi para lá que nos dirigimos primeiro. Com o mapa na mão, lá fomos percorrendo os cerca de 2 km, por ruas com edifícios bastante bonitos e passando pelos canais que existem na cidade dos quais seguem algumas fotos (reparem na 1ª e na última foto os candeeiros suspensos. Não há postes no meio do passeio.):



O render da guarda começou ao meio-dia em ponto. Estavam bastantes turistas, e havia alguma polícia para garantir que as pessoas não interferiam no desenrolar da cerimónia. Durou cerca de meia-hora e para quem, como nós, nunca tinha visto foi um momento engraçado. Aqui ficam algumas fotos:


De seguida fomos ver aquele que é considerado o ex-libris de Copenhaga. É a Pequena Sereia, uma escultura feita em cima de uma rocha à beira do porto.


Junto a esta escultura existe um parque muito e agradável para passear. É aí que se encontra a Igreja de Saint Alban que, por si só já é bonita, mas com a paisagem que a rodeia fica ainda mais.


Almoçámos no centro comercial Magasin (do género El corte inglés). Havia uma zona de alimentação self-service com escolha muito variada. Não houve nenhuma comida para a qual não tivessemos olhado com desconfiança (não por parecer estragada, mas por ter aspecto estranho)! Acabámos por pagar bem e comer mal. Enfim, nada como a comida portuguesa...

Tal como na Suécia, também na Dinamarca e em Copenhaga em particular as bicicletas fazem parte do trânsito. Quer isto dizer que mesmo no centro da cidade, têm vias e sinalização (incluindo semáforos) próprios. Por toda a cidade existem bicicletas tipo carrinho de supermercado (ao jeito da BUGA). Colocando uma meda de 20 coroas dinamarquesas, pode usar-se e voltar a colocá-la num dos muitos pontos existentes, recuperando a moeda.


E pronto, gostámos bastante de Copenhaga! É uma cidade onde não nos importaríamos de viver.

Até amanhã.

Thursday, April 27, 2006

Malmö (27/04)

Hoje acordámos cedo e tomámos o pequeno-almoço servido pela pousada. É bastante completo e variado e tem algumas coisas que nem tivémos coragem de experimentar!!!

Depois, apanhámos o comboio e fomos para Malmö (um pequeno aparte: quando nos preparávamos para entrar no comboio, ao contrário do que acontece em Portugal em que as pessoas que querem entrar tentam a todo o custo passar por entre as que estão a sair, os suecos que querem entrar abrem um pequeno corredor para que as pessoas possam sair e apenas entram depois de todos terem saído). A viagem custa 36 coroas (cerca de 4 euros) e demora cerca de 15/20 minutos. A estação de comboios de Malmö é grande, moderna, e é um ponto de partida/chegada de comboios de/para toda a Suécia.

Assim que chegámos, fomos ao posto de turismo que há na própria estação e pedimos que nos indicassem os melhores lugares para visitar.

Estava frio. Não sabemos a temperatura exacta, mas tivemos que recorrer a cachecóis, gorros e luvas, e mesmo assim nunca conseguimos ter as mãos quentes.

Começamos por ir ver um edifício que é considerado o ex-libris da cidade.


Fica situado perto do mar de uma zona de onde se vê a ponte que liga Malmö a Copenhaga. É um cenário algo parecido com a torre Vasco da Gama em Lisboa situada ao pé do Tejo de onde se vê a Ponte Vasco da Gama. Não tirámos nenhum foto da ponte porque estava nevoeiro e via-se mal.

Depois disto encaminhámo-nos para o centro da cidade debaixo de chuva, passando por parques enormes com lagos e relvados extensíssimos embora bastante povoados de uns excrementos esverdeados dos quais nao conseguímos saber a origem.



Uma coisa que nos saltou à vista foi que durante todo o tempo que passámos em Malmö, vimos apenas 3 pessoas com guarda-chuva. Os suecos parecem não sentir qualquer diferença. Continuam a andar normalmente de bicicleta ou a pé como se nada fosse (e a chuva não era "molha-tolos").

Quando atravessávamos um parque em direcção a um castelo antigo que nos tinham indicado, demos de caras com este moínho:

O castelo não era nada de especial (nem sequer parecia um) e tinha um museu dentro que não nos pareceu suficientemente interessante para que pagássemos as 40 coroas (cerca de 4,5 euros) que nos pediam.


Fomos então para o centro da cidade procurar um lugar onde almoçar. Encontrámos uma praça de alimentação de fast-food com restaurantes de mais de uma dúzia de nacionalidades (desde japonesa, vietnamita, grega, húngara, etc). Eu, Mélany, fui à comida árabe, e eu, Sérgio, à italiana. Pagámos cada um o equivalente a 5,5 euros.

Caminhámos pelo centro da cidade, fotografámos alguns edifícios de arquitectura típica sueca, passámos por praças, ruas estritamente comerciais, e por fim, uma zona comercial diferente, por ser composta por lojas de diferentes partes do mundo. Desde indianas, afegãs, chinesas (vendia produtos chineses e não as "chinesices" que conhecemos em Portugal), italianas, e outras.





Por fim, fomos à catedral de São Pedro. É, sem dúvida, bonita, embora sem nada que mereça destaque.

Apanhámos, então, o comboio de volta a Lund.

Ficámos algo desiludidos com Malmö. É uma cidade relativamente nova, e com muito pouco para ver. Vale pelos parques bonitos que tem.

Amanhã, as previsões do tempo apontam para um dia sem chuva. Vamos aproveitar para ir a Copenhaga.

Primeiras impressões da Suécia

(Este post refere-se ao dia de ontem (26), mas como não pudemos fazê-lo ontem só hoje segue.)

Como já certamente leram no post anterior, os suecos são, em geral, pessoas simpáticas, afáveis e sempre prontas a ajudar e dar informações.

Passámos algumas horas do dia de ontem no tal café à espera que a pousada abrisse. Enquanto esperávamos íamos observando através do vidro as pessoas a passar na rua. Uma das coisas que chamou logo a atenção foi a quantidade de bicicletas que se vêem por toda a parte, tanto estacionadas, como em pleno uso por miúdos e graúdos (alguns velhos, mesmo). A foto seguinte é um exemplo de uma praça em Lund repleta de bicicletas.




A Suécia é um dos países onde é proibido fumar em locais públicos fechados. Até agora temos visto muitos fumadores, mas não vimos nenhum a desrespeitar a lei. Quando querem fumar, por mais frio que esteja cá fora (e aqui na Suécia o frio é a sério), saem, e quando entram num desses locais apagam o cigarro antes de entrar. Não o dizemos apenas por causa disto, mas por outras pequenas coisas já deu para ver que os suecos são um povo extremamente civilizado.

O senhor Anlet já nos tinha dito quando nos transportava de volta a Lund, enquanto chovia, algo do tipo: "Assim é a Suécia!". De facto, já pudemos comprovar que é raro o dia em que não chova aqui. Não chove constantemente, mas a verdade é que ainda não conseguimos ver o sol da Suécia (segundo informações que conseguimos o rei adquiriu um sol último modelo :-)).

Ainda no dia ontem, fomos a um supermercado aqui em Lund comprar algumas coisas, e ficámos agradavelmente surpreendidos. A diferença de preços para Portugal é no geral pequena.

E pronto, ontem não fizemos mais nada!

Segue já de seguida o post sobre o dia de hoje.

Wednesday, April 26, 2006

Que aventura tão extraordinária!!!!!

(Bem, este post parece quase a descrição do Ramalhete n’Os Mais, mas uma história tão extraordinária quanto esta merece o pormenor!!!)


Saímos do aeroporto do Porto com 15 minutos de atraso. Nada de mais comparado com o que nos esperava em Londres. A viagem correu bem, mas quando já deveríamos estar a aterrar, o avião deu voltas e mais voltas no céu, certamente à espera de ter ordem para aterrar. O comandante de vez em quando dizia qualquer coisa, mas o som não era claro e nós quase nada percebíamos do que ele dizia. Numa dessas vezes em que ele falou, vimos algumas pessoas a abanar a cabeça em sinal de desaprovação, mas nós pensámos que era por andarmos no ar à espera de licença para aterrar. Qual não foi a nossa surpresa quando descobrimos que não tínhamos aterrado no aeroporto de Londres/Stansted onde deveríamos ter aterrado, mas no de Nottingham East Midlands. Os portugueses começaram a dizer que era uma vergonha, e que nunca mais viajavam na Ryanair, até que numa dessas conversas cruzadas percebemos finalmente que devido ao forte nevoeiro que se fazia sentir em Stansted vários voos foram desviados para outros aeroportos. Foi aqui que o que tínhamos ouvido dizer sobre o facto de Inglaterra ser a terra do nevoeiro começou a fazer sentido!

Ficámos cerca de 1 hora dentro do avião à espera de autocarros que nos levassem para o aeroporto, pois o avião estacionou muito longe. Depois de irmos para o aeroporto, já com as nossas bagagens, dirigimo-nos para outro autocarro que nos levaria até Stansted numa viagem de 2 horas que aproveitámos para dormir, não sem antes experimentar a sensação de andar ao contrário na estrada (não imaginam a impressão que mete fazer as rotundas ao contrário)!

Ao chegar a Stansted às 4 da manhã, com um nevoeiro cerrado, outra surpresa ainda maior nos esperava: o nosso voo para Malmö, que era às 6:55 tinha sido cancelado (tal como outros 19, ou seja, estavam no aeroporto milhares de pessoas que tinham visto o seu voo cancelado)!

Estivemos numa fila por mais de 1 hora, onde depois nos informaram que o voo seguinte seria às 19:20, mas que não davam certezas de que ele se realizaria, pois tudo dependeria da melhoria das condições atmosféricas.

Lá fomos nós procurar umas cadeiras para esperar umas longas 13 horas de incertezas. Lá se foram passando: lendo, dormindo, falando, comendo, jogando Sudoku e palavras-cruzadas, olhando para centenas e centenas de italianos que esperavam voo de regresso a Itália (sim, porque o 25 de Abril também é feriado em Itália), assim como outros milhares de cores e nacionalidades diferentes, e ouvindo várias línguas diferentes à nossa volta. Lá fora o nevoeiro tinha começado a levantar, e os voos foram então começando a sair.

Abre-se o balcão para o check-in e pudemos respirar de alívio, pois era o sinal de que o avião iria partir. Entretanto tínhamos conseguido o número de telefone da pousada da juventude, e estávamos a tentar telefonar para avisar que iríamos chegar a Lund fora do horário indicado pelo funcionário da pousada aquando da reserva. Lá conseguimos falar, e o funcionário disse que se chegássemos à pousada depois das 23 horas, para voltar a ligar, mas até às 22:45 para que alguém pudesse ficar à nossa espera. Acontece que novamente as coisas não correram como o previsto. O voo atrasou 1 hora e aterrámos em Malmö/Sturup às 23 horas em ponto. Assim que saímos do avião, tentámos telefonar para a pousada, mas já ninguém nos atendeu. Apanhámos o autocarro para Lund, fomos à pousada, onde chegámos cerca da meia-noite, tocámos à campainha, mas não estava ninguém.

Sem saber o que fazer, pois já tínhamos estado sem dormir na noite anterior, mas sabendo que os hotéis da zona cobram por noite balúrdios, dirigimo-nos às únicas pessoas que vimos na rua: taxistas que foram impecáveis connosco. Depois de explicarmos a situação, um deles telefonou do seu telemóvel para vários hotéis num raio de 30 kms, mas estava tudo esgotado, pois havia uma conferência em Malmö. Nós já desesperávamos, pois era 1 da manhã, estava frio, estávamos cansados, e estávamos a ver que tínhamos que passar a noite algures na estação de comboios, de novo sem dormir. Até que um dos taxistas (aparentava cerca de 50 anos e não falava inglês) disse algo em sueco a um dos colegas e este traduziu (em inglês, claro!!!): “Este homem vai fazer-vos um favor. Vai levar-vos a dormir para a sua própria casa. Metam as bagagens no carro dele!”


Ficámos num misto de apreensão, medo, alegria e sensibilizados pelo gesto do senhor. Chegámos à sua casa a cerca de 5 minutos de Lund e ele mandou-nos ir para a sala, mandou-nos sentar no sofá e ligou a televisão. Foi acordar a esposa, que apareceu igualmente simpática, e que, tal como o marido não falava inglês (só uma ou outra palavra). Eles foram absolutamente impecáveis connosco: deram-nos dormida, um pequeno-almoço espectacular (como se vê na foto) e ainda nos deixaram tomar banho.

Quando lhe perguntámos como lhe poderíamos pagar o que tinham feito por nós, meteram os dois a mão no coração, disseram que não queriam nada e que estavam contentes por nos ter acolhido (sim, porque nesta noite sentimo-nos verdadeiros sem-abrigo). Cerca do meio-dia e meio (sim, porque o senhor trabalhava durante a noite e tinha chegado às 6 da manhã), depois de estarmos sentados na conversa à mesa, voltámos para Lund com o taxista (doravante senhor Anlet), a esposa (Mihaela) e o seu filho de 5 anos (Arian).

Vieram trazer-nos à pousada, mas esta estava fechada e só abria às 5 horas. O senhor Anlet mandou-nos entrar novamente no táxi e disse algo parecido com: “Coffee! Coffee!”. Fomos então para um café, perguntou o que queríamos, e obviamente depois de tudo isto chegámo-nos à frente para pagar. Mas, parecendo quase ofendido, não nos deixou pagar! Por fim, estava a chegar a hora do senhor Anlet entrar ao serviço e despedimo-nos finalmente dele e da família com um abraço forte como se de velhos amigos nos tratássemos. Não sem antes eles nos terem dito para os irmos visitar de novo até irmos embora, para lhes ligar se precisássemos de alguma coisa (inclusive de táxi, pois o senhor Anlet disse em relação a alguns colegas algo parecido com: “Taxist mafiosi”), e de termos trocado moradas para se algum dia forem a Portugal lhes podermos retribuir da mesma forma. Não sabemos se algum dia o farão porque sendo uma família de emigrantes simples e humilde, repartem as férias de Agosto entre a viagem à Albânia (país de origem do senhor Anlet, embora esteja na Suécia há 25 anos) e à Roménia (país de onde veio a sua esposa Mihaela há 5 anos).

Vamos, obviamente, quando chegarmos a Portugal, enviar-lhes uma recordação pois eles bem merecem! Apetece dizer que quando Deus fecha uma porta abre sempre uma janela! Algum de nós e de vocês que estão a ler isto, faria o mesmo por 2 desconhecidos?!? Fica a lição…

Bem, neste momento estamos finalmente na pousada, e vamos amanhã começar a visitar a zona. Amanhã à noite daremos notícias neste mesmo sítio. Bye!

PS – Obrigado por terem lido os pouco mais de 7000 caracteres que contém este post. J

Monday, April 24, 2006

Para começar...

Pois é... Nós decidimos fazer uma viagem de uma semanita até à Suécia e à Dinamarca, e queremos partilhar as nossas impressões com outras pessoas.
Sendo assim, este blog tem dois objectivos: o primeiro é ir informando todos os dias os nossos familiares e amigos sobre a nossa viagem através de fotografias e recados. O segundo objectivo é dar conselhos, informações úteis e partilhar impressões com outras pessoas que visitem o blog e, que porventura, queiram viajar para o mesmo local que nós.
As informações iniciais são: vamos viajar para a Suécia de 24 de Abril a 1 de Maio. Já reservámos a viagem há mais de um mês na Ryanair (uma low-cost). (Um conselho: para quem queira viajar por preços mais baixos, convém reservar a viagem com algum tempo de antecedência, uma vez que quanto mais próximo da data da viagem se marcar, mais cara ela é...). Então, o itinerário será o seguinte: sairemos do aeroporto do Porto por volta das 21h do dia 24 e chegaremos a Londres às 23h do mesmo dia. Ficaremos à espera no aeroporto até às 6h da manhã (uf... o q nós fazemos para poupar uma noite de alojamento...), altura em que apanharemos o avião para Malmo, no sul da Suécia, e chegaremos lá por volta das 9h da manhã. Vamos ficar em Lund, uma cidade universitária, equiparada a Coimbra, onde fizemos uma reserva numa Pousada da Juventude, depois de muito procurar por alojamentos baratos. Para termos desconto na pousada, tivemos que ir a uma Pousada cá em Portugal e tirar o Cartão de Alberguista, que dá descontos em todas as pousadas da juventude da Europa.
E pronto. Estes são os planos e expectativas iniciais. Depois diremos como correram as coisas, qual a nossa opinião sobre a companhia Ryanair, sobre a pousada e outros aspectos. Bye!